REDE TELEMÉTRICA DA BACIA DO RIO PIRACICABA (SP)

A bacia do rio Piracicaba, em São Paulo ( Fig.1 ) é uma bacia hidrográfica interestadual, apresentando mais de 90 % de sua área em território paulista e o restante no Estado de Minas Gerais.

O rio Piracicaba é formado por quatro rios principais : Camanducaia, Jaguari, Atibaia e Corumbataí. A bacia do rio Corumbataí situa-se a jusante da cidade de Piracicaba, já no trecho final do rio Piracicaba. As respectivas áreas de drenagem dessas bacias podem ser vistas na (Tab. 1).

Tabela 1 Áreas de Drenagem

Bacia

Hidrográfica

Área de Drenagem

( km2 )

Jaguari e Camanducaia

4290

Atibaia

2760

Corumbataí

1700

Piracicaba ( foz )

12400

Na bacia do rio Jaguari, uma área de 1230 km2 é controlada pelos reservatórios do Sistema Cantareira. Do mesmo modo, na bacia do rio Atibaia, 703 km2 são controlados pelos reservatórios Cachoeira e Atibainha, também pertencentes ao Sistema Cantareira. O objetivo desse Sistema, todo situado no Estado de São Paulo, é exportar água para o abastecimento de cerca de 60 % da Região Metropolitana de São Paulo (cerca de 31 m3/s). Em conseqüência disto, a quantidade e a qualidade das águas do trecho de jusante deste Sistema necessitam monitoramento hidrológico permanente.

O rio Piracicaba é afluente de margem direita do rio Tietê, e sua foz situa-se no remanso da barragem da Usina Hidrelétrica de Barra Bonita, de concessão da Cia de Geração Tietê. Além disso, o rio Atibaia tem, a 500 m a montante de sua confluência com o Rio Jaguari a represa hidrelétrica de Americana, concessão da CPFL (Cia. Paulista de Força e Luz).

Há também problemas adicionais de inundações em diversos pontos da bacia e que têm trazido inúmeros prejuízos às cidades e populações.

A bacia do rio Piracicaba é importante polo industrial e agrícola, contando com uma população total superior a 4 milhões de habitantes, que se abastecem em mais de 95 % dos casos de manancial superficial.

Desse modo, o monitoramento de suas águas é fundamental e é feito, do ponto de vista quantitativo, por quatro entidades : DAEE-SP, ANEEL, SABESP e CESP. Do ponto de vista qualitativo, a CETESB monitora as porções a jusante e montante, e a SABESP monitora somente a porção montante do Sistema Cantareira.

GRUPO TÉCNICO DE MONITORAMENTO HIDROLÓGICO

A bacia do rio Piracicaba tem mais de 5 décadas de mobilização social, iniciada na década de 50 como reação às mortandades de peixe causadas pela poluição. Em 1989 foi constituído o Consórcio Intermunicipal das Bacias do Piracicaba e Capivari. A implantação do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) foi feita em 1993.

O Grupo Técnico de Monitoramento Hidrológico (GT - MH) é um órgão do Comitê da bacia e monitora a situação dos rios, tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo, discutindo regras operativas e propondo sugestões para a gestão dos recursos hídricos dessa importante região.

Cabe ao GTMH coletar e analisar dados hidrológicos, definir regras operativas alternativas para obras hidráulicas, propor a otimização e a expansão das redes de monitoramento existentes e promover ações emergenciais para garantir condições mínimas de utilização racional das águas nos períodos de estiagem e de chuvas.

O balanço hídrico , feito pelo GTMH (Fig. 3 ), mostra que as vazões na bacia do rio Piracicaba, como um todo, são resultantes das seguintes parcelas :

vazões naturais correspondentes às contribuições nos trechos das respectivas bacias, a jusante do Sistema Cantareira;

vazões descarregadas pelo Sistema Cantareira nos rios Jaguari e Atibaia ;

vazões regularizadas;

vazões provenientes de importações;

vazões exportadas.

Vazões perdidas por uso consuntivo.

Esse balanço entre as disponibilidades hídricas e as parcelas referentes ao uso consuntivo mostra que não há, como um todo, déficit quantitativo de água. No entanto, a qualidade das águas, em longos trechos dos rios, não é satisfatória (Fig.1)

OBJETIVOS

A necessidade de monitoramento em tempo real, na bacia do rio Piracicaba, complementando a rede de monitoramento hidrológico já existente, impõe-se, então, em função dos seguintes objetivos :

controlar a disponibilidade hídrica, com vistas à manutenção das vazões mínimas;

orientar a partilha de água na estiagem;

auxiliar a operação das descargas para jusante dos reservatórios existentes, principalmente no Sistema Cantareira, ou que venham a ser executados;

possibilitar o alerta quando da ocorrência de vazões máximas ( enchentes );

acompanhar a dinâmica das águas nos cursos dágua, permitindo maior agilidade na alteração das regras operativas e a mobilização de equipes de fiscalização;

dar continuidade às séries históricas e com dados mais discretizados no tempo para norteamento de estudos e projetos hidráulicos;

orientar e controlar as ações de racionalização do uso das águas;

fornecer dados fundamentais para a elaboração dos Relatórios de Situação de Recursos Hídricos e dos Planos de Bacias Hidrográficas.

Com isso, viabiliza-se o fornecimento à sociedade de mais um instrumento para a gestão das águas superficiais, possibilitando a melhoria de suas condições sociais e um aproveitamento sustentável e racional dos recursos hídricos disponíveis.

TELEMETRIA

O CBH - PCJ aprovou, em 1998 e 1999, baseado nas análises feitas pelo GTMH, dois projetos apresentados pelo DAEE-SP no sentido de implantar novos postos e transformar em telemétricos postos já existentes da rede de monitoramento.

Existiam na bacia, àquela época, cerca de 50 postos fluviométricos e 80 postos pluviométricos. Essa quantidade de postos está discriminada na (Tab. 2).

Tabela 2 Postos hidrométricos na bacia do rio Piracicaba (SP)

Entidade

Postos Fluviométricos

Postos Pluviométricos

DAEE-SP

21

52

ANEEL

8

5

SABESP

14

16

CESP

5

7

TOTAL

48

80

Os projetos contemplaram a instalação de 14 postos telemétricos, sendo 2 deles em locais novos e os restantes 12 transformando postos fluviométricos já existentes (Tab.3 e Fig.2 ).

Tabela 3 Postos Telemétrico

PREFIXO

NOME

RIO

MUNICÍPIO

INÍCIO DA SÉRIE HISTÓRICA

1

4D-015T

Piracicaba

Piracicaba

Piracicaba

1964

2

4D-010T

Carioba

Piracicaba

Americana

1959

3

4D-001T

Usina Ester

Jaguari

Cosmópolis

1943

4

3D-009T

Buenópolis

Jaguari

Morungaba

1930

5

3D-001T

DalBó

Camanducaia

Jaguariúna

1943

6

3D-008T

Jaguariúna

Jaguari

Jaguariúna

1930

7

3D-015T

Guaripocaba

Jaguari

Brag. Paulista

1971

8

3E-116T

Captação de Piracaia

Cachoeira

Piracaia

1970

9

3E-063T

Atibaia

Atibaia

Atibaia

1936

10

3D-006T

Bairro da Ponte

Atibaia

Itatiba

1929

11

3D-007T

Captação de Valinhos

Atibaia

Valinhos

1999

12

4D-009T

Acima de Paulínia

Atibaia

Paulínia

1947

13

4D-013T

Foz do Jaguari

Jaguari

Limeira

1999

14

3D-003T

Desemb. Furtado

Atibaia

Campinas

1944

Todos os postos telemétricos são dotados de :

sensor pluviométrico tipo báscula;

sensor de nível de pressão ou de ultra-som;

registrador eletrônico ( data-logger );

terminal de satélite Inmarsat Dplus;

painel solar e bateria.

Transmissão

O sistema escolhido para transmissão dos dados hidrométricos foi baseado em satélite geoestacionário, devido à necessidade de transmissão e recepção em tempo real, tanto em períodos de estiagem quanto em períodos chuvosos. Objetiva-se no sistema a rápida tomada de decisões e ações na bacia quando da ocorrência de eventos significativos (enchentes, mortandade de peixes, acidentes com produtos químicos etc.)

Recepção e Disponibilização dos dados hidrológicos

A recepção dos dados é feita na cidade de São Paulo no CTH Centro Tecnológico de Hidráulica e Recursos Hídricos, diretoria do DAEE-SP responsável pela operação da Rede Hidrológica Básica do Estado de São Paulo. O sistema implantado executa as seguintes ações :

disponibiliza as informações à sociedade em tempo real através da Internet;

disponibiliza paralelamente as informações através de linha privativa telefônica para o GTMH do CBH-PCJ, cuja sede situa-se na cidade de Piracicaba (SP), a cerca de 150 km de distância da capital.

Está em implantação também a retransmissão das informações para o Banco de Dados Hidrológicos do DAEE-SP, de modo a gravar automaticamente em meio magnético as séries históricas observadas.

Adicionalmente, um modelo matemático compacto (MEL modelo estocástico linear) foi calibrado no CTH para previsão de vazões e níveis para orientar as ações quando da ocorrência de eventos chuvosos críticos na bacia do rio Piracicaba. O modelo é do tipo função de transferência com múltiplas entradas, relacionando gradiente da vazão atual com o gradiente da vazão passada e a chuva média atual com a passada na bacia .

Fig. (1) Bacia do Rio Piracicaba (Voltar)

Fig. (2) Localização dos Postos Telemétricos (Voltar)

Fig. (3) Balanço Hídrico da Sub bacia do Piracicaba (Voltar)

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